segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

 

Em Notícia, de 25 de novembro de 2022, a Camara Municipal de Sintra noticiou a atribuição do Prémio Ruy Belo de 2022, segue um excerto dessa notícia:

(…)

Por sua vez, “Caderneta de Lembranças”, da autoria de A. M. Pires Cabral, publicado em 2021, foi a obra literária distinguida com o Prémio Ruy Belo/2022 para Obra Poética Publicada no biénio 2020/2021.

O júri constituído por José Manuel Mendes, Presidente da Associação de Escritores, Victor de Oliveira Mateus, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e Ricardo António Alves, também ele designado pela autarquia de Sintra, decidiu em unanimidade e assinalou “a voz singular do autor”, bem como “o modo de expressão de um eu poético não abstrato, com as marcas vivenciais da temporalidade, servido pelo manejo formal de elementos campestres, à revelia de qualquer neo-bucolismo”.

Para o Prémio Ruy Belo, o júri decidiu ainda a atribuição de duas menções honrosas, respetivamente, à obra “Cerveja & Neve” da autoria de Inês Dias, e ao “Livro da Perfeita Alegria” de Eugénia de Vasconcellos.

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domingo, 19 de fevereiro de 2023


           Este pássaro de silêncio


Dorme em mim
este pássaro de silêncio,
na minha pele,
na minha roupa,
nos meus sapatos sem destino.


Dorme em mim, sem saber
que o mundo conhece
as suas pegadas que estão no vento.


O meu voo vertical
salva o final de toodos os sonhos,
os que não pude viver
quando ainda era possível.


Espero aproximar-me do mar,
como um marinheiro que se perde.


Neste tempo incerto,
invento um poema novo,
um poema que me salva do sonho.


 
Stefania Di Leo. Falemos até a Luz se Apagar. Fafe: Editora Labirinto: 2023, p 59 (Tradução de Orlando Jorge Figueiredo; Prólogo de Núno Júdice).
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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023


                  pardal


Um pardal pousou
em meu braço e me entardeceu.
Chupei a dor do pardal pela asa ferida.
Asa é uma palavra que balança no vácuo.
Guardei o pardal no vento.
Pardal guardado no vento é uma imagem bonita.
Peguei um pincel e desenhei mais um pardal dentro do vento.
Os dois fizeram coisas de pardal.
Couberam numa fulô e tiraram cochilo.


  Leonam Cunha. Condutor de Tempestades. Mossoró: Sarau das Letras Editora, 2016, p 25.
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