Nunca mais regressaste a casa desde agosto.
Eu fiquei sentado na soleira da porta
à espera da cura.
Brincava ocasionalmente com o fogo,
porque era a tua voz que me trazia o outono,
era a fuligem nas tuas mãos que me ensinava
a hermenêutica dos dilúvios
e a mecânica da extinção das espécies.
Mas nunca mais regressaste a casa e eu aprendi
a soletrar silenciosamente a tua ausência.
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Teixeira, José Rui. Autópsia, poesia reunida. Porto: Porto Editora, 2019, 141.
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