quarta-feira, 19 de junho de 2019
Consciência do Tremendo
Esta areia fervilhando
que nos separa do mar
desse mar não faz outra coisa,
nem faz de nós um propósito de mar.
A dor tende prà finitude:
exige limites.
Apenas o indemonstrável
depende d'um resultado.
Por isso, não existe mais certeza
que a daqueles que se separam
mal desponta a manhã e enfrentam o dia
com a ressaca inicial dos que se aceitam
sem juízos, e assim se (con)formam.
São amantes porque são finitos
e colocam o coração no finito.
Sabem amar porque amam o concreto
e pousam suas mãos sobre o concreto,
tal como essas árvores que crescem e se confirmam
em plena areia fervente sem esperar a água próxima
nem sequer os mármores da rentabilidade,
fazendo assim do mar outra coisa, fazendo
de nós um prolongamento onde o mar se concretiza.
Aceitando-o
com as exaustas limitações
de quem verdadeiramente aceita.
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Partal, Alejandro Simón. La Fuerza Viva. Valencia: Editorial Pre-Textos, 2017, pp 27-28 (Tradução de Victor Oliveira Mateus).
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