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A margem, por onde te defines, tem agora uma
transparência que julgavas inalcançável. Metes as mãos na tessitura da cidade e
elas regressam mais limpas do que no tempo em que misturavas monstros,
assombrações, reflexos enviesados com desejos antecipadamente condenados. A
margem, que tão bem acabaste desenhando, não se assemelha a outras apregoadas
no decoro das praças, nem reproduz aquilo que contesta, com seus ídolos, seus
ritos, suas máscaras, que, vendo bem, nunca te disseram nada e apenas te envenenavam
a delicada beleza do tédio.
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© Victor Oliveira Mateus
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