quinta-feira, 10 de outubro de 2019

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   A margem, por onde te defines, tem agora uma transparência que julgavas inalcançável. Metes as mãos na tessitura da cidade e elas regressam mais limpas do que no tempo em que misturavas monstros, assombrações, reflexos enviesados com desejos antecipadamente condenados. A margem, que tão bem acabaste desenhando, não se assemelha a outras apregoadas no decoro das praças, nem reproduz aquilo que contesta, com seus ídolos, seus ritos, suas máscaras, que, vendo bem, nunca te disseram nada e apenas te envenenavam a delicada beleza do tédio.
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© Victor Oliveira Mateus
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