quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020



   Excerto do Poema 3 de Estâncias


Um dia se volta, como sempre, a um vale de fetos e pervincas
   para além da casa.
Um caminho nos dói sob os passos decorridos.
Quanto ao verão, sobe já das radículas fundas.
O destino é este que temos, um só, entre verde e azul, um desti-
   no; a vidraça aberta para as colinas, a luz enfim na hera,
   um sumo de laranja nos degraus de crepúsculo.
Amemos ainda: as bandeiras passam, vermelhas como nunca.
Amanhã, as rolas, o sereno abrir de suas asas. De suas asas, as
asas.


   Cláudio, Mário. Doze Mapas, Poesia Reunida 1969-2019. Lisboa: Glaciar, 2019, p 85 (Prefácio de António Carlos Cortez).
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