Para onde me caiu a palavra,
a imortal (1) solidão, que se levanta
por detrás de um íngreme desfiladeiro;
por detrás das imagens,
que, pesadas, sufocam este sono
de onde nunca ninguém regressou?
Para onde me caiu a palavra,
o desistente olhar, que, sem coração
nem brilho, apenas desenha
esse implacável incêndio,
onde a morte é uma flor
bem no centro do vazio?
.
.
(1) Primeiro verso e título de poema de A Rosa de Ninguém. Tradução de João Barrento.
.
.
Mateus, Victor Oliveira. A Norte do Futuro, Antologia de Homenagem a Paul Celan no centenário do seu nascimento. S/c.: Poética Edições, 2020, p 94 (Organização e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado).
.
.
.