sexta-feira, 27 de novembro de 2020


 
Para onde me caiu a palavra,
a imortal (1) solidão, que se levanta
por detrás de um íngreme desfiladeiro;
por detrás das imagens,
que, pesadas, sufocam este sono
de onde nunca ninguém regressou?


Para onde me caiu a palavra,
o desistente olhar, que, sem coração
nem brilho, apenas desenha
esse implacável incêndio,
onde a morte é uma flor
bem no centro do vazio?
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(1) Primeiro verso e título de poema de A Rosa de Ninguém. Tradução de João Barrento.
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  Mateus, Victor Oliveira. A Norte do Futuro, Antologia de Homenagem a Paul Celan no centenário do seu nascimento. S/c.: Poética Edições, 2020, p 94 (Organização e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado).
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