sábado, 29 de outubro de 2022


elle ouvre toute grande sa main
contre l' effroi
sa langue aussi de plus en plus
toute grande, héroique

comment faire le guet autrement
loin
qui parle ainsi, d' où
sans pleurer, ni enrager ni trahir

sa langue multiplie son mauvais genre
sous l' oeil autre
des pères forcément, la forme
ce qui leur appartient

alors que tant de voiles et d'armes
sur tant de figures
plus forte que tout
cette main
et son excés de e frivoles

leur insolence d' étoiles font les syllabes curieuses
qui prolongent le croquis, la plage
bulbes sonores
plantés
côtte à côte, couteau et plaie
(...)


Denise Desautels. L'angle noir de la joie, suivi de D'où surgit parfois un bras d'horizon. Paris; Éditions Gallimard, 2022, pp 83-84 (Préface de Louise Dupré).
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domingo, 9 de outubro de 2022


LISTA DOS VENCEDORES DOS PRÉMIOS PEN 2022

Poesia

Vencedor: José Manuel de Vasconcelos, "Os grandes lagos da noite", Editora Húmus


Júri

Victor Oliveira Mateus (Presidente)
Ana Mafalda Leite
Ronaldo Cagiano


Ensaio

Vencedor: Pedro Cabral, "O paradoxo do cérebro. Memória. Autismo. Identidade", Editora Temas e Debates/ Círculo dos Leitores


Júri

Pires Laranjeira (Presidente)
Teresa Duarte Carvalho
Teresa Malafaia


Narrativa

Vencedor: Teresa Noronha, "Tornado", Editora Exclamação


Júri

Miguel Serras Pereira (Presidente)
Luís Naves
Patrícia Infante da Câmara
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domingo, 2 de outubro de 2022



A memória,
tribo de lâmpadas azedas.


  Alberto Pereira. Ecocardiograma. Vila Nova de Famalicão: Edições Húmus, 2022, p 53.


A infância,
um bouquet de colmeias no peito
e o sangue desenhado por Miró.


Idem, p 33.


Não sei se foi em Bach
ou nos olhos da minha mãe
que vi Deus nevar a primeira vez.


Idem, ibidem, p 16.
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sábado, 1 de outubro de 2022


                  O relógio avariado


é a memória
de velhos segundos
que alimenta
esse pulso?


os ponteiros mancos
de avanços 
e recuos


às dez para as oito
de qual luto?


qual foi o dia dessa morte
que ainda se agita ao fundo?


( se o que se ouve
em teu ritmo
não pode ser o eco
de algum espírito


se em ti
nada excede
a engrenagem


que fez
de tua máquina
miragem)


sussurram os segundos
que ainda te restam
na memória: é esse
o pulso?


teu luto
cego
   e surdo?


de tudo
o óbvio


do tempo
que não redime
os relógios


  Iacyr Anderson Freitas. Os campos calcinados. São Paulo: Faria e Silva Editora, 2022, pp 50-51.
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