Há em Sophia uma aceitação plena da vida que assume uma certa forma de panteísmo, que em Pascoaes terá talvez a sua origem, mas a que Sena é totalmente alheio. Não que não vibre no nosso poeta uma altiva pulsão pagã, mas em Sena a luta do que é humano contra o que é natural, do orgânico conra o inorgânico, do articulado contra o inarticulado prevalece na raiz da criação do mundo. E ele o diz uma vez mais no já citado poema A Morte, o Espaço, a Eternidade (...).
Mas a plena aceitação do mundo no êxtase panteísta de Sophia não implica menos revolta contra o desconcerto e a injustiça desse mesmo mundo, o que a poeta vê como uma ofensa à ordem natural...
Luís Filipe Castro Mendes. Um estranho animal de duas cabeças O Escritor Diplomata. Fafe: Editora Labirinto, 2022, p 61.
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