sexta-feira, 5 de abril de 2024


        Angélique Ionatos:
        "Hélios, Hymne au Soleil"
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Uma irreprimível lágrima cai quando a guitarra é desafinada,
as mãos esvoaçam nas cordas - não há rosas calmas.
A voz graceja um fenómeno de sangue.
Há um naufrágio que temos que enfrentar estoicamente.
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Ninguém acredita que os sons são feitos de sonhos,
e que o nevoeiro tem cheiro.
Há algo antigo nesta voz, uma sombra cigana,
um silêncio que se estende à espera da morte.
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Pouso as mãos nas cordas flutuantes,
as metáforas sabem a sacrifício quando são aclamadas,
aproximam-se da infância, trazem um incêndio na algibeira.
A canção é uma nudez vacilante -
solstício, raiz, derradeira embriaguez a medir a voz.
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  Luís Aguiar. Alfarrabista. Fafe: Editora Labirinto, 2023, p 13 (Menção Honrosa no Prémio de Poesia Victor Oliveira Mateus II Edição - 2021).
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