sábado, 30 de novembro de 2024


(...)
nunca mais teremos
    o enlace das rosas
brancas


porque os campos
    indefesos
renunciaram à lividez
da terra impudica


e as águas
    piedosas
fugiram para lá
das fontes


e nós   meu amor
haveremos de plantar
rosas


no terraço


do nosso
desassossego


hás de voltar à planície
da pulsação solar


quando as horas forem os rios
da nossa alvorada


e quando as ervas puderem ungir
    a pele
esmagada pela sede


meu amor


hás de voltar
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  Ângela de Almeida. A Janela de Matisse. Ponta Delgada: Nona Poesia, 2024, pp 68-69.
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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

A poesia de Luca Baldoni foi publicada na Revista Oresteia a 17 de novembro de 2024.

                LEONARDO

 

Ecco che il grande uccello in volo si è levato:

e l’ampia piana scruta in alto veleggiando

assorto tra le ali come un pensiero inquieto

che sale sale ancora, sfidando  l’orizzonte –

 

nella strettura in fondo, dove s’insinua il fiume,

l’ostacolo intuisce, il bloco che sbarrava

il passo verso il mare, e il lago primordiale

tra i colli e le castella, l’ambiente coi riflessi

tonali tra le canne, le trecce delle onde

che frangono la sponda, afferrano le nebbie

 

e su sulle montagne riposano conchiglie

avvolte tra le rocce, e solo lui le coglie

nel tempo delle ere precipitate in basso,

in un lontano mare di forme elementari

in cui la vita sboccia, non cerca narrazioni

 

come per primo è il buio e poi la luce che si afferma,

e la natura è piena di ragioni seducenti

che mai non sono state nell’arco di esperienza,

 

 prossegue solitario l’intrepido confronto:

occhio che non si arresta nel cuore del profondo.

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Luca Baldoni. Anno naturale. Firenze: Passigli Editori, 2021, p 53.

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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

 


            Leonardo

 

Eis que o grande pássaro levanta seu voo:

e a vasta planície observa-o, no alto, planando

absorto, com suas asas, como um pensamento inquieto

que se ergue de novo, fustigando o horizonte –

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no cenário ao fundo, onde o rio se insinua,

divisa-se o obstáculo, o cerco que impedia

a passagem na direção do mar, e o lago originário

entre colinas e castelos, o ambiente com reflexos

cintilantes no meio do canavial, o entrançado das ondas

que rebentam à beira-mar, atinge a neblina

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e no cume das montanhas repousam conchas

emaranhadas entre as rochas, e apenas ele as alcança

no momento em que mergulha

num remoto mar de formas elementares

onde a vida eclode, não procura narrativas

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já que primeiro são as trevas e depois a luz que se afirma,

e a natureza está repleta de sedutoras razões

que nunca haviam estado no arco da experiência,

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prossegue solitário o arrojado confronto:

olhar que não se detém no coração das profundezas.

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 Luca Baldoni. Anno naturale. Firenze: Passigli Editori, 2021, p  53 (Tradução de Victor Oliveira Mateus).

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