terça-feira, 3 de julho de 2018
Os pratos da balança
Por entre as rochas um rapaz, nas mãos levando uma
balança, avança em direcção ao mar. Vai procurar pesá-lo.
Num dos pratos, o mar há-de revolver-se, debater-se,
rebentar, há-de trazer à superfície a força das entranhas e
atrair o céu, há-de-o fazer precipitar-se até com ele se
confundir, e as próprias rochas através das quais o rapaz
segue hão-de pesar no prato ferozmente. Imperturbável,
o rapaz colocará no outro prato o seu sorriso.
Nava, Luís Miguel. Poesia Completa 1979-1994. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2002, p 137.
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