quinta-feira, 5 de julho de 2018



são sonâmbulos que do alto do sonho a
travessam as areias escaldantes
do reguengo. Mas a quem pertence o oá
sis que do linho escorre como um leite
que vai alimentar o fogo da nudez
dos corpos, senão aos nómadas criado
res de paraísos? Crisálidas de
voradoras da própria seda, um pou
co por toda a casa as suas vozes res
soam no interior pueril de noi
te como sons ininteligíveis ao ou
vido mecânico dos progenito
res, alimentam-se da memória am
niótica das galáxias - legí
timos herdeiros das estrelas -, povo
am os hábitos sedimentados na
rarefação dos laços de sangue (...)
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  Justo, Cipriano. Veneza. Porto: Editora Limiar, 1982, pp 54-55.
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