CXVI
A Criadagem
Quatro escravos me guardam a casa. À porta
tenho dois robustos trácios; na cozinha, um siciliano
e, para o serviço de quarto, uma frígia dócil e muda.
Os dois trácios são belos homens.
Usam um varapau para expulsar os amantes pobres
e um martelo para pregar na parede as coroas que me enviam.
O siciliano é un cozinheiro excepcional;
paguei por ele doze minas. É incomparável a cozinhar
bolinhos fritos e pastéis de papoulas.
A frígia dá-me banho, penteia-me, depila-me.
De manhã, dorme na minha cama
e, três noites por mês, substitui-me junto dos amantes.
.
.
Louÿs, Pierre. O Sexo de Ler de Bilitis (Les Chansons de Bilitis). Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2010, p 267 (Prefácio e tradução de Maria Gabriela Llansol).
.
.
.