sexta-feira, 16 de novembro de 2018
Poema da espera inútil
Depois de ti
todas as ruas ficaram vazias
e as casas entregaram-se
à humidade de um tempo sem destino.
Depois de ti
as árvores encarquilharam,
enquanto os pássaros, alucinados,
faziam os ninhos nas chaminés armadilhadas.
Nada se manteve como antes
na insalubre rotina dos homens
tão à deriva e sôfregos.
Apenas eu
para ali fiquei,
tal como no primeiro dia,
cicatriz entranhada
em sua espera inútil.
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Mateus, Victor Oliveira. Aquilo que não tem nome. S/c.: Coisas de Ler Edições, 2018, p 27.
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