domingo, 25 de novembro de 2018


Uma promessa na secreta aventura das sementes
e o cheiro dos pomares alastra sobre a sede
fendendo as bocas onde nascem as palavras
da desordem e da festa.
Quando as aves atravessam o gume do lume ateado
à prenhez dos trigos enrodilhamos no rosto
os traços da tristeza que nos arde no olhar.
Só o perfil alongado das árvores desafiando o sol
nos devolve a lembrança das cantigas à desgarrada,
na eira, quando a debulha do milho se fazia
com as nossas mãos predispostas a todos os afagos.
.
.
 Pires, Graça. Uma vara de medir o sol. S/c.: Coisas de Ler Edições, 2018, p 31.
.
.
.