Os ventos
Aves sem asas
viajam invisíveis
selvagens ou mansos.
Namoram nuvens
nômades.
Farejam faróis
afastados.
Alcançam torres
perdidas.
Varrem cidades
esquecidas.
Franzem águas
de tanques.
Levantam
ondas e dunas.
Assobiam
sustenidos.
Alvoroçam copas
hastes e relvas.
Carregam chuvas
derrubam frutas.
Balançam bandeiras
nos mastros e
lençóis nos varais.
Abrem portas e janelas.
Arrancam chapéus
e arrrepiam cabelos
até que se somem
no sovaco da terra
calados serenos.
Resta na epiderme
a lembrança
do sopro leve.
Alcançam torres
perdidas.
Varrem cidades
esquecidas.
Franzem águas
de tanques.
Levantam
ondas e dunas.
Assobiam
sustenidos.
Alvoroçam copas
hastes e relvas.
Carregam chuvas
derrubam frutas.
Balançam bandeiras
nos mastros e
lençóis nos varais.
Abrem portas e janelas.
Arrancam chapéus
e arrrepiam cabelos
até que se somem
no sovaco da terra
calados serenos.
Resta na epiderme
a lembrança
do sopro leve.
Cabral, Astrid. Íntima fuligem. Manaus: Editora Valer, 2017, pp 171-172.
.
.
.