Num lugar qualquer o rondar dos pássaros, pássaros, pássaros e a sombra numa janela aberta. Num lugar qualquer a nostalgia de um amor, as palavras na noite escura, a chuva encharcando as mulheres vestidas com gaze transparente. Num lugar qualquer poetas riem e choram assinalando em cada gesto a marca do seu país de cansaço, apesar de sonhado de sol a sol. Então, na voracidade do tempo, sofreremos o último desalento: os voos que demos ao longo da vida desvanecer-se-ão e não passaremos de mais um bando de pássaros extraviados.
Sobrevivemos às cegas
e repartimos
o pão que nos consola.
Surpreendidos desde o dia em que nascemos,
aprendemos a chorar
e a rir, ante qualquer milagre.
Não pertencemos aos sem sorte,
mas é uma sorte partida ao meio.
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