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Primavera humana
Um homem sai de um túnel.
De uma garagem.
Do inverno que lhe devora
a vida.
Esvoaçam-lhe dois pássaros
sobre a cabeça.
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O homem esbarra num outro:
seu próximo, seu
diferente, seu igual.
O homem que sai do túnel
oferece um dos pássaros ao
que andava perdido.
Oferta. Renovos de
improváveis.
Recomeço do que estava
esquecido
no estrepitoso fulgor da
terra:
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plátanos frondosos,
plantas raras,
o pó das mimosas pousando
docemente
no banco do jardim, na elegância
dos cisnes.
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Aquele que sai da garagem
é o vértice do encontro,
do milagre!
E lá seguem os homens
rumo a possíveis
benfazejos.
Dois pássaros de muitas
cores
dançam-lhes seus voos
nas cabeças iluminadas.
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Mateus, Victor Oliveira. Diário Digital Crear en Salamanca de 21 de março de 2019.
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