Soneto X do Ciclo Do Amor
Diz-me quando, amor, contamos à
vida como felizes somos. Gosto
de ver gente na dúvida se o rosto
que mostramos é mesmo assim, já
que não se acredita haver quem
possa ser como nós. E porque não,
se a arte está em darmos a mão
logo cedo, à vista de ninguém,
ao deitar, beijo bem-disposto? Diz,
pois, se posso contar às aves como
do silêncio retiro mais um gomo
de prazer, que nos faz casal feliz.
E ao mundo gritar: "Não há mulher
como tu. Nada sou sem em ti ser."
Rodrigues, Ernesto. Perseu. Fafe: Editora Labirinto, 2020, p 38.
.
.
.