Queria confundir-me
num bando de pássaros em migração,
mas perco o meu tempo.
Sinto muito, não minto
e não saio deste labirinto.
Sigo de embaraço em embaraço,
ser adulto tem de ser isto.
Passam-se dias, semanas,
sem saber de ti,
pior, sem sentir saudade.
Bebo,
fumo mais cigarros,
faço bom e mau sexo,
vou ao cinema,
vejo demasiada televisão,
deixo os livros, quase sempre,
sem virtude, a meio
e os poemas também.
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Raquel Serejo Martins. Valsa a vau. Lisboa: Poética Grupo Editorial, 2021, p 110.
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