Num fim de tarde parei junto a uma árvore
e desatei a ohar o voo de uma ave branca.
Tantas aves se cruzaram comigo e nunca me
tinha demorado a observar-lhes a ondulação
dos movimentos.
Pareciam divertir-se na dança das asas contra o céu.
Por vezes elas riam-se daqueles que tinham ficado
em terra. E tinham razão. Eu queria acompanhá-las
agarrado a um pato, naquele trajecto sem fronteiras
e desejava ter asas para segui-las na determinação
do voo.
Foi a primeira vez que percebi que tinha de viver
com limitações.
.
.
António Ferra. a primeira pedra. Lisboa: Edição do autor, 2023, p 13.
.
.
.