quinta-feira, 4 de maio de 2023


Num fim de tarde parei junto a uma árvore
e desatei a ohar o voo de uma ave branca.
Tantas aves se cruzaram comigo e nunca me
tinha demorado a observar-lhes a ondulação
dos movimentos.
Pareciam divertir-se na dança das asas contra o céu.
Por vezes elas riam-se daqueles que tinham ficado
em terra. E tinham razão. Eu queria acompanhá-las
agarrado a um pato, naquele trajecto sem fronteiras
e desejava ter asas para segui-las na determinação
do voo.
Foi a primeira vez que percebi que tinha de viver
com limitações.
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 António Ferra. a primeira pedra. Lisboa: Edição do autor, 2023, p 13.
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