quarta-feira, 5 de junho de 2019

(...) a logoterapia, em comparação com a psicanálise, é um método menos retrospetivo e menos introspetivo. A logoterapia concentra-se antes no futuro, ou seja, nos significados a serem preenchidos pelo paciente no seu futuro (a logoterapia é, de facto, uma psicoterapia centrada no sentido). Ao mesmo tempo, a logoterapia descentra todas as formações em círculo vicioso e todos os mecanismos de feedback que desempenham um papel tão importante no desenvolvimento das neuroses. Assim, a típica concentração em si mesmo da neurose é interrompida, em vez de ser continuamente alimentada e reforçada.
   Na verdade, este género de declaração é uma simplificação excessiva; ainda assim, na logoterapia o paciente é realmente confrontado com o sentido da sua vida e reorientado para ele. E torná-lo consciente deste sentido pode contribuir muito para a sua capacidade de superar a neurose.
   Deixem-me explicar por que motivo empreguei o termo "logoterapia" para designar a minha teoria. Logos é uma palavra grega que denota "sentido". A logoterapia, ou, como tem sido chamada por alguns autores, "A Terceira Escola Vienense de Psicoterapia", centra-se no significado da existência humana, bem como na busca desse sentido por parte dos seres humanos. De acordo com a logoterapia, este esforço para encontrar um significado na nossa vida é a principal força motivadora do Homem. É por essa razão que falo de uma vontade de sentido em contraste com o princípio de prazer (ou, como também poderíamos designá-lo, a vontade de prazer ), em torno do qual se centra a psicanálise freudiana, e também em contraste com a vontade de poder na qual se centra a psicologia de Adler, que para isso utiliza a expressão "luta pela superioridade".
(...) A busca de sentido por parte do homem é a motivação essencial da sua vida e não uma "racionalização secundária" de impulsos instintivos. O sentido é único e específico na medida em que tem de ser preenchido, e pode ser preenchido, somente por ele; só então assume um significado capaz de satisfazer a sua própria vontade de sentido.
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 Frankl, Viktor E.. O homem em busca de um sentido. Alfragide: Editª Lua de Papel, 2012, pp 102-103.
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