domingo, 18 de outubro de 2020


 Final do poema Tristan und Isolde: enlouquecimento e morte de Isolda.

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      Isolda

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Como ele sorri

com que doçura e calma:

como abre ele, docemente,

os olhos!...

Será que não vedes, amigos?...

Não o víeis?...

Cada vez mais luminoso,

como brilha agora

e se eleva

numa irradiação estelar!...

Não o credes?...

Como o seu coração

ardentemente se dilata

no seu ventre

que abrange a plenitude!...

Como os seus lábios,

com uma doçura inefável,

exalam ternamente

um sopro suave!...

Amigos!... Vede!...

Não o sentis vós e não o vedes?

Serei eu a única a escutar

esta melodia

que, com uma doçura

tão maravilhosa,

afortunadamente lamentosa,

expressando tudo,

irradia dele

e reconciliadora,

m’ investe,

s’ eleva,

inunda-me com seus sons

de suaves ecos?...

Claros e sonoros,

envolvem-me por todo o lado,

serão vagas

de brandos ventos?...

Serão ondas

de inebriantes aromas?

Como elas se agigantam

e me cercam de sons!...

Poderei eu respirar?...

Conseguirei escutar?...

Irei eu embriagar-me,

imergir?...

Dissolver-me

suavemente em aromas?....

Na ondulação das vagas,

na ressonância dos sons,

no turbilhão

da respiração universal,

ser engolida,

dissipar-me, inconsciente!...

Alegria suprema!...

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 Wagner, Richard, Tristan und Isolde (Bilingue). Paris: Aubier Flammarion, 1974, pp 239 -241 (Tradução de Victor Oliveira Mateus a partir da versão francesa de Jean d'Arièges).

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