segunda-feira, 29 de março de 2021


Poema 13 do Ciclo "Prisma"

Chuva de Primavera, depois uma noite de Verão.
Uma voz de homem, depois uma voz de mulher.

Crescias, eras fulminada por um raio.
Quando abrias os olhos, estavas ligada para sempre ao teu verdadeiro amor.

Só aconticia uma vez. Depois tratavam de ti,
a tua história acabava.

Acontecia uma vez. Ser fulminada era como ser vacinada,
ficavas imune para o resto da vida, 
ficavas ao abrigo de tudo.

A menos que o choque não fosse suficientemente profundo.
Então não ficavas vacinada, mas viciada.


  Louise Gluck. Averno. Lisboa: Relógio D' Água Editores, 2020, pp 45-47 (Tradução de Inês Dias).
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