terça-feira, 30 de junho de 2020


  Poemas 10 do Ciclo Outros Poemas Tristes


Eh, toma todas estas palavras e faz delas
uma pedra de silêncio húmido, uma frase
de lâminas brutais, uma posta de sangue
exacto, um osso exposto entre as carnes,

em todos estes pássaros que nos cercam,
neste barulho de asas que batem na pez
impossível da mesa do fundo no café,
escolhe a veia do mais poderoso grito,

e senta-te no mundo, ó deus insensato,
nocturno, bebe esse vinho dos homens,
lê nas entrelinhas dos jornais, adormece
na boca do esquecimento, aborrecido.
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 Moutinho, José Viale. Os Cimentos da Noite, Poesia 1975-2018. Porto: Edições Afrontamento, 2020, pp 179-180.
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domingo, 28 de junho de 2020


    Em segredo, pelos erros


Não me grites essas palavras gastas, não desenhes
no rosto nada que se pareça com o entardecer;
se o dia desaparece diante de nós, um anjo atrasado,

entre dois gritos intermináveis, abrirá as veias a rir;
o istmo está no fundo da cave, a ilha está seca,
é o que resta de um velho e sombrio continente,
o ogre corta aos cubos os dias abandonados;

já não sei o caminho, não voltarei à casa onde cometi
os erros, resisto a escrever a tinta da china avermelhada
no crânio que deixaram aqui abandonado, na mesa
em que espero a chegada da lua, o homem da lenha;

das nuvens mais escuras, da arca do trigo, da saída,
por favor, não me grites essas palavras, não me grites,
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  Moutinho, José Viale, Os Cimentos da Noite, Poesia 1975-2018. Porto: Edições Afrontamento, 2020, p 300.
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sábado, 27 de junho de 2020


CURVAVAM LONGE OS BRAÇOS DESSE ABANDONO
E nada mais podia sacudir a terra, eira negra
Não saber o curso da estrela, talvez
Não saber o curso da estrela.
Tão pequena luz no céu recolhida
Que a gente nem sabe o nome, mas confia
Pode ser um lugar para nós, pode ser.
Recordas a paz do Verão e as letras cantadas
Esse país imaginado nos colos da fantasia
Gelados e fuligens para situar o amor.
Nada mais mexia a terra de que nos falavam,
Mas valia a urgência dessa frase começada
A brincadeira nas figuras, velhos bailados
Para começar o corpo, apagado tambor.
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   Machado, Hugo Milhanas, Estrela Tambor. Fafe: Editora Labirinto,  2020, p 37.
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sexta-feira, 26 de junho de 2020


ESTRELA TAMBOR OS TEUS BAILES
Tomar-te as mãos só para ver descer
Mais longe um sol, o recorte de altas montanhas
Como morada do amor, o mar futuro.
Sigo os acordes da estrela tambor, ela dura
Ela percute a sólida onda dos carinhos
Estrela tambor, tu sabes, no rumor das linhas.
Nomeias a fúria, a casa de viver, voltar depois
O âmbar de guardar o sono conjunto, pequeno
País na quente manhã da vontade.
Sigo o pulso da estrela tambor, bateria
No oceânico fio de memória a sul
Bateria no enigma dessas altas montanhas
De subir o definitivo lugar da paz.
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 Machado, Hugo Milhanas, Estrela Tambor. Fafe: Editora Labirinto, 2020, p 35.
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quarta-feira, 24 de junho de 2020


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Foi já anunciado o Programa do Festival Literário Raias Poéticas na sua edição de 2020. O referido evento decorrerá de 18 de julho a 13 de agosto deste ano e integrará escritores de vários países. Eu estarei na Mesa 2 de 20 de julho, pelas 19:00H.
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PROGRAMAÇÃO !
RAIAS POÉTICAS:
AFLUENTES IBERO-AFRO-AMERICANOS DE ARTE E PENSAMENTO
(haja raias!)
APOIO:
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
CURADORES:
Luís Serguilha
Marcelo Ariel
Nuno Rau
INTERCESSORES:
Revista Mallarmargens (Brasil)
Palavra Comum (Corunha)
Assistência técnica: Amanda Vital
Designer: Lua Palasadany
Serviço de streaming utilizado: StreamYard
LIMIAR - 18 de Julho, às 19h
Dr. Paulo Cunha – presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão
Luís de Serguilha – curador de arte, poeta, ensaísta
Álvaro Santos – pianista e director da Casa das Artes
Marcelo Ariel – poeta, ensaísta e cineasta
Nuno Rau – poeta, ensaísta, editor, professor, arquiteto
Mesa 1: dia 19 de Julho, domingo | 19h
Dobra de pensamento: A POÉTICA ENQUANTO MARCHETARIA DO BRASIL
Guilherme Gontijo Flores (professor universitário, tradutor e poeta, Brasil)
Nina Rizzi (poeta, tradutora, Brasil)
Tarso de Melo (poeta, ensaísta e editor, Brasil)
Marcelo Ariel (poeta, ensaísta, cineasta, Brasil)
Mesa 2: dia 20 de Julho, segunda | 19h
Dobra de pensamento: A LITERATURA ACONTECE EM RECOMEÇO ININTERRUPTO
Tiago Alves Costa (poeta, ensaísta e tradutor, Corunha)
José Emílio-nelson (poeta ensaísta, Portugal)
Carla Carbatti (poeta, ensaísta, Brasil)
Victor Oliveira Mateus (poeta, ensaísta, Portugal)
Jorge Velhote (poeta, fotógrafo, ensaísta, Portugal)
Mesa 3: dia 21 de Julho, terça | 19h
Dobra de pensamento: QUE NOVOS MODOS DE COMBATE EXISTEM ENTRE A POESIA E O MUNDO?
Telma Scherer(poeta, ensaísta e professora universitária, Brasil)
Jorge Henrique Bastos (crítico literário, escritor e editor, Brasil)
Anelito De Oliveira de Oliveira (professor universitário, poeta, ensaísta, Brasil)
Francesca Cricelli (poeta, tradutora, Itália)
Mesa 4: dia 22 de Julho, quarta | 19h
Dobra de pensamento: A PALAVRA NO CORPO PERFORMÁTICO
Vitor Lemos (professor universitário e encenador, Brasil)
José Miguel Braga (professor universitário e encenador, Portugal)
Luisa Monteiro (dramaturga, romancista e professora universitária, Portugal)
Juliana Tavares (actriz, pesquisadora, Brasil)
Mesa 5: dia 23 de Julho, quinta | 19h
Dobra de pensamento: O QUE PODE A LITERATURA NA AGORIDADE?
Paulo Scott (escritor, ensaísta, Brasil)
Afonso Henriques Guimaraens Neto (escritor, ensaísta, Brasil)
Ademir Demarchi (poeta, ensaísta, editor, Brasil)
Fabiane Secches (crítica literária, psicanalista, Brasil)
Mesa 6: dia 24 de Julho, sexta | 19h
Dobra de pensamento: FICÇÕES DE CÂNONES PRECÁRIOS
Fabrício Marques (poeta, ensaísta, professor universitário, Brasil)
Letícia Ferro (pesquisadora, ensaísta, Brasil)
Prisca Agustoni (poeta, ensaísta, professora universitária, Brasil)
Ronald Augusto (poeta, ensaísta, Brasil)
Mesa 7: dia 25 de Julho, sábado | 19h
Dobra de pensamento: O POETA É, AO MESMO TEMPO, AQUELE QUE ESCREVE E QUE É ESCRITO
Annita Costa Malufe (poeta, ensaísta e prof. universitária, Brasil)
Paula Vaz (poeta, psicanalista, Brasil)
Daniella Zupo (escritora, jornalista, Brasil)
Ana Kiffer (professora universitária, ensaísta, escritora, Brasil)
Mauricio Salles Vasconcelos (prof. universitário, escritor e ensaísta, Brasil)
Mesa 8: dia 26 de Julho, domingo | 19h
Dobra de pensamento: POESIA – ARTE DESCONFINADA, TRANSUMANA, ALÉM DO EU
Thiago Arrais (encenador teatral e professor universitário, Brasil)
Patricia Portela (escritora, performer, Portugal)
Carlos Emílio Corrêa Lima (escritor, ensaísta, Brasil)
Abreu Paxe (professor universitário, ensaísta, poeta, Angola)
Mesa 9: dia 27 de julho, segunda | 19h
Dobra do pensamento: O QUE AS PALAVRAS DIZEM DO CORPO E O QUE O CORPO PODE DIZER ÀS PALAVRAS
Mariana Muniz (bailarina, coreógrafa, actriz, Brasil)
Adriana Nunes (bailarina e professora de dança contemporânea, Brasil)
Paula Sales (professora e pesquisadora, Brasil)
Iara Biderman (jornalista e crítica de dança, Brasil)
Mesa 10: dia 28 de Julho, terça | 19h
Dobra do Pensamento: A LITERATURA E O INSITUÁVEL DAS TRANSFRONTEIRAS
Ana Mafalda Leite (professora universitária, poeta, ensaísta, Moçambique)
Vera Duarte (escritora, jurista, Cabo Verde)
Vanessa Riambau Pinheiro (professora universitária, ensaísta, Brasil)
Hirondina Joshua (poeta, jurista, Moçambique)
Mesa 11: dia 29 de Julho, quarta | 19h
Dobra de Pensamento: SOPRO VEGETAL
Alda Regina Tognini Romaguera (prof. universit., pesquisadora, Brasil)
Susana Oliveira Dias (professora universitária, pesquisadora, Brasil);
Alik Wunder (professora universitária, pesquisadora, Brasil)
Mesa 12: dia 30 de Julho, quinta | 19h
Dobra de Pensamento: A PALAVRA: A FISSURA VIBRÁTIL DO CORPO
Ana Vitória (professora universitária, coreógrafa, pesquisadora, Brasil)
Regina Miranda (coreógrafa, Brasil)
Marcelo Aquino (diretor de teatro, actor, Brasil)
Mickael Oliveira (pesquisador em artes, Brasil)
Sofia Dias (coreógrafa, performer, Portugal)
Vítor Roriz (coreógrafo e performer, Portugal)
Mesa 13: dia 31 de Julho, sexta | 19h
Dobra do Pensamento: PSICANÁLISE E DOBRAS DA PALAVRA
Alcimar Souza Lima (professor universitário, poeta, psicanalista, Brasil)
Renata Udler Cromberg (prof. universitária, escritora, psicanalista, Brasil)
Maria Laurinda Ribeiro de Sousa (prof. univ., escritora, psicanalista, Brasil)
Daniela Athuil (psicanalista, escritora, Brasil)
Victor Sosa (psicanalista, poeta, ensaísta, tradutor, México)
Mesa 14: dia 1 de Agosto, sábado | 19h
Dobra do Pensamento: A BELEZA É UMA FERIDA
Bianca Dias (psicanalista, ensaísta, escritora, Brasil)
Luiz Augusto Contador Borges (filósofo, psicanalista e escritor, Brasil)
Juliano Garcia Pessanha (filósofo, escritor, ensaísta, Brasil)
Mesa 15: dia 2 de Agosto, domingo | 19h
Dobra do Pensamento: RETUMBAR DA LOUCA SAÚDE
Paola Zordan (artista plástica, professora universitária, Brasil)
Patrícia Unyl (atriz, diretora teatral, pesquisadora, performer, Brasil)
Eduardo Guedes Pacheco (percussionista, prof. universitário, Brasil)
Mesa 16: dia 3 de Agosto, segunda | 19h
Dobra do Pensamento: A LITERATURA NÃO PRODUZ OBRA, CRIA VIDA!
Amanda Vital (poeta, editora, ensaista, Brasil)
Flávio Viegas Amoreira (escritor, ensaísta, Brasil)
Maria Oliveira (ensaísta, poeta, filósofa, Portugal)
Tavinho Paes (poeta, ativista cultural e letrista, Brasil)
Mesa 17: dia 4 de Agosto, terça | 19h
Dobra de Pensamento: EXCRITURA E PANDEMIA
María Ángeles Pérez López (poeta, ensaísta e prof. univ., Salamanca)
Montserrat Villar González (prof. universit., poeta, ensaísta, Salamanca)
Lidia López Miguel (fundadora y directora editorial de Lastura Ed., Madrid)
Isabel Miguel (poeta e tradutora, Madrid)
Mesa 18: dia 5 de Agosto, quarta | 19h
Dobra do Pensamento: LIBERDADE E CENSURA EM DEMOCRACIA
Raquel Serejo (poeta, Portugal)
Luís Filipe Sarmento (escritor, ensaísta, tradutor, Portugal)
Jaime Rocha (poeta, dramaturgo, ensaísta, Portugal)
José Eduardo Degrazia (poeta, ensaísta, tradutor, Brasil)
Basílio Rodríguez Cañada (poeta, ensaísta, editor, Espanha)
Alexandre Faria (escritor e jurista)
Mesa 19: dia 6 de Agosto, quinta | 19h
Dobra do Pensamento: POESIA NO CONTEMPORÂNEO – UMA MECÂNICA DE FRAGMENTOS
Alexandre Guarnieri (poeta, mestre em História da Arte, Brasil)
Denise Martins Freitas (poeta, ensaísta, historiadora, Brasil)
Mar Becker (poeta, graduada em filosofia, Brasil)
Nuno Rau (poeta, ensaísta, professor, arquiteto, Brasil)
Mesa 20: dia 7 de Agosto, sexta | 19h
Dobra do Pensamento: POESIA E MÍSTICA – RASURAS DO ESPÍRITO
Cláudia Roquette-Pinto (poeta, ensaísta, Brasil)
Eduardo Guerreiro B. Losso (prof. universitário, crítico, ensaísta, Brasil)
Edimilson de Almeida Pereira (poeta, ensaísta, prof. universitário, Brasil)
Waldo Motta (poeta, ensaísta, Brasil)
Mesa 21: dia 8 de agosto, sábado | 19h
Dobra do Pensamento: A PALAVRA E A CANÇÃO – O RIGOR QUE DANÇA
Fred Martins (compositor, músico, Brasil/Portugal)
Marcelo Diniz (poeta, professor universitário, letrista, Brasil);
Roberto Bozzetti (poeta, professor universitário, letrista, Brasil)
Mesa 22: dia 9 de Agosto, domingo | 19h
Dobra de Pensamento: A IMPOTÊNCIA DA LINGUAGEM NO VÍRUS DO MUNDO
António Ferreira (cineasta, Portugal)
Aurelino Costa (poeta, diseur e advogado, Portugal)
Graça Capinha (professora universitária, ensaísta, Portugal)
João Rasteiro (poeta e ensaísta, Portugal)
Mesa 23: dia 10 de Agosto, segunda | 19h
Dobra do Pensamento: TRANSGEOGRAFIAS POÉTICAS: “MUDAR A VIDA É MODIFICAR A MANEIRA DE SENTIR”
Davino Sena (escritor e diplomata, Brasil)
Railssa Alencar (escritora e diplomata, Brasil)
Raul de Taunay (escritor e diplomata, Brasil)
Mesa 24: dia 11 de agosto, terça | 19h
Dobra do Pensamento: A EXPERIÊNCIA DA QUEDA
Hélia Borges (psicanalista, escritora e professora universitária, Brasil)
Paulo Oneto (filósofo e professor universitário, Brasil)
Felipe Ribeiro (professor universitário e curador de arte, Brasil)
Maria Alice Pope (professora universitária e pesquisadora, Brasil)
Mesa 25: dia 12 de Agosto, quarta | 19h
Dobra do Pensamento: O POEMA COMO DEVIR E O PERSPECTIVISMO AMERÍNDIO
Nomes a confirmar.
Mesa 26: dia 13 de Agosto, quinta | 19h
Dobra do Pensamento: ONDE ESTÁ A TRADIÇÃO NO CONTEMPORÂNEO?
Nomes a confirmar.
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terça-feira, 16 de junho de 2020



 Poema 6 do Ciclo " Os ombros e a Manhã"


Subitamente
a aurora abriu
todas as janelas

Dois pássaros cegos
os teus ombros despertos
de um sonho
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 Bonafim, Alexandre. Noite de Dioniso. São Paulo: Terra Redonda, 2019, p 50.
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segunda-feira, 15 de junho de 2020


O Diário Salamanca Al Dia de hoje (15 de junio de 2020) publica uma extensa notícia, com fotos dos autores convidados, sobre o Festival Internacional de Poesía En el Lugar de Los Escudos (México).
A foto deste post diz respeito ao Festival do ano passado.
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sexta-feira, 12 de junho de 2020


    Programa General del Festival Interncional de Poesía en El Lugar de Los Escudos (2020)
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Recitales:
14 horas de la Ciudad de México-Bogotá
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Lunes 15 de junio.
Alfredo Pérez Alencart (poeta, Perú-España); Marta Miranda (poeta, Argentina); Leonardo Nin (poeta, República Dominicana); Fernanda Martínez (poeta, Chile); Talat Shahin (poeta, Egipto); Sara Sae (cantante, España) y Miriam Sae (cantante, España).
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Martes 16 de junio.
Carlos Aganzo (poeta, España); Ángela Acero Rodríguez (poeta, Colombia); Stefania Di Leo (poeta, Italia); Víctor Hugo Fernández (poeta, Costa Rica) y Leandro Sagobal (cantautor, Colombia).
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Miércoles 17 de junio.
Víctor Oliveira Mateus (poeta, Portugal); Jaya Choudhury (poeta, India); Mpesse Geraldin (poeta, Camerún); Katariina Vuorinen (poeta, Finlandia) y Ciela Asad (actriz, poeta, Argentina).
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Jueves 18 de junio.
Katia-Sofía Hakim (Francia); David Cortés Cabán (Puerto Rico); Gabriela D’Arbel (México); Paolo Agrati (Italia) y Leandro Sagobal (Colombia).
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Viernes 19 de junio.
Ricardo Rojas Ayrala (poeta, Argentina); Corina Oproae (poeta, Rumania-España); Isabel González Gil (poeta, España); Luisa Fernanda Trujillo (poeta, Colombia); Alexis Romero (poeta, Venezuela); Sara Sae (cantante, España) y Miriam Sae (cantante, España).










Sin Reverencias
18 horas Ciudad de México-Bogotá
Coordinación general: Álvaro Mata Guillé y Edgar Krauss
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Martes 16 de junio.
Democracia-pandemia-virtualidad
Alexis romero (poeta Venezuela); Madeline Mendieta (poeta, Nicaragua); Víctor Paz Otero (poeta, novelista, Colombia); José Alberto Moreno (relaciones internacionales, historia, México).
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Miércoles 17 de junio
Poesía (teatro, arte)-pandemia-virtualidad
Corina Oproae (poeta, Rumania-España); Katia-Sofía Hakim (poeta, Francia); Ciela Asad (actriz, poeta, Argentina); Otoniel Guevara (poeta, El Salvador)
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Jueves 18 de junio.
Relaciones humanas (libertad)-pandemia-virtualidad.
Ricardo Rojas Ayrala (poeta, Argentina); Javier Rey (cineasta, Colombia); Yolanda Hernández (poeta, República Dominicana); Carlos Zatizabal (actor, poeta, Colombia); Madeline Mendieta (poeta, Nicaragua)
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quinta-feira, 11 de junho de 2020


  Sorriso


Tecer a filigrana
do sol
a ardência
do sal
na fratura exposta
da tua alegria

Tecer o ninho
de um pássaro
de um escorpião
na luz de tua boca
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 Bonafim, Alexandre. Noite de Dioniso. São Paulo: Terra Redonda, 2019, p 20.
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quarta-feira, 10 de junho de 2020


O Festival Internacional de Poesia en El Lugar de Los Escudos (México) iniciar-se-á, este ano por streaming devido à pandemia de covid-19, no próximo dia 15. Fica aqui a mesa do dia 17 pelas 14:00H na Cidade do México/ 21:00H em Lisboa:

Katarina Vourien (Finlândia)

Victor Oliveira Mateus (Portugal)

Joya Choudhury (India)

Mpesse Geraldin (Camarões)

Ciela Asad (Argentina)
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terça-feira, 9 de junho de 2020


1º Coveiro:
(...) Esta caveira, senhor, a caveira que estais a ver, é a de Yorik, o bobo do rei.

Hamlet:
Esta caveira?!

1º Coveiro:
Essa mesma.

Hamlet:
Deixa-ma examinar. (Pega na caveira.) Pobre Yorik! Conheci-o, Horácio. Era um rapaz com muita graça, duma alegria infinita e dum espírito vivíssimo; trouxe-me muitas vezes às cavaleiras. E agora, que horror causa à minha imaginação! O meu coração dilata-se! Aqui pendiam os lábios que eu beijei tanta vez! Que é feito neste momento dos trocadilhos? das cabriolas? das canções? desses relâmpagos de gracejos que levantavam em toda a mesa uma tempestade de gargalhadas? Nem uma só facécia ficou para vos rirdes da vossa própria carantonha! A boca completamente fechada! Ide agora dizer ao gabinete da rainha que por mais caio que ponha no rosto há-de ficar com uma cara assim. Fazei-a rir dizendo-lhe isto! Oh! Horácio, diz-me uma coisa, peço-te.

Horácio:
Que é, senhor?

Hamlet:
Acreditas que Alexandre tenha esta mesma cara na cova?

Horácio:
Exactamente a mesma...

Hamlet:
E que cheire assim? Fu!... Fu!... (Pousa no chão a caveira.)

Horácio:
Absolutamente, meu senhor.

Hamlet:
A que grosseiras aplicações podemos descer, Horácio! A nossa imaginação não conseguirá facilmente seguir a viagem das nobres cinzas de Alexandre, até vê-las a tapar o buraco dum tonel!

Horácio:
Essa observação é muitíssimo subtil.
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 Shakespeare, William. Hamlet, Acto V, Cena I. Porto: Lello & Irmão Editores, S/d., pp 233-235 (Tradução de Domingos Ramos).
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Notas:
1.- Neste excerto, Hamlet, para ilustrar a fragilidade e a efemeridade da vida e das aparências serve-se da pessoa de Alexandre, o Grande: aquele que foi dono de todo o mundo conhecido, hoje não passa de um montão de cinzas a tapar o buraco de um tonel.
2. - A foto deste post é de uma das interpretações de Hamlet levada a cabo por Benedict Cumberbatch, enquanto que a do post abaixo é de Ethan Hawke numa versão cinematográfica desta peça.
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domingo, 7 de junho de 2020



Rainha:
Se é a lei comum, por que aparentas afligir-te, como se isso fosse para ti um caso particular?

Hamlet:
Eu não aparento, senhora, é bem uma realidade; não conheço aparências. Minha boa mãe, não é somente o meu manto negro como tinta, nem o aparato ordinário do luto solene, nem os suspiros gementes duma respiração opressa, nem os olhos transformados em rios de lágrimas, nem o aspecto acabrunhado do rosto, nem o cortejo de fórmulas, expressões, sinais de pesar, que podem traduzir a verdade do meu coração! Essas coisas são com efeito aparências, porque são actos que um homem pode fingir; mas eu tenho em mim alguma coisa que ultrapassa todas as manifestações exteriores que nada mais representam do que a libré e os atavios da dor...
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 Shakespeare, William. Hamlet , Acto I, Cena II. Porto: Lello & Irmão Editores, S/d., pp 47-48 (Tradução de Domingos Ramos).
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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Integrarei o elenco de autores convidados para o Festival Internacional de Poesía en El Lugar de los Escudos, Cidade do México. O prestigiado evento, este ano e devido à pandemia covid-19, realizar-se-á por streaming. Em breve postarei o Programa com os autores convidados e respetivos países.
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segunda-feira, 1 de junho de 2020


hás de voltar à planície
da pulsação solar


quando as horas forem os rios
da nossa alvorada


e quando as ervas puderem ungir
                               a pele
esmagada pela sede


meu amor


hás de voltar
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  Almeida, Ângela. Estado de Emergência. Santa Maria: Confraria do Silêncio, 2020, p 33.
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