terça-feira, 7 de agosto de 2018




                                    CLII

                           O Último Amante

Filho, não passes distraído ao lado do amor que te destino. À luz da obscuridade, tenho ainda a minha beleza, verás; o meu ocaso é mais ardente do que as primícias de qualquer jovem.

Não te deixes tentar pelo amor das virgens. O amor é uma arte difícil em que as jovens são pouco versadas. Darei de presente ao meu último amante toda a arte que aprendi. Uma vida, em suma.

Serás o meu último amante, eu sei. Esta é a boca que fez empalidecer de desejo uma cidade inteira. Estes, os cabelos, esses mesmos que foram celebrados num poema da grande Safo.

Para teu gozo, farei um ramo de tudo o que me resta da minha perdida mocidade.
Toda a memória será consumida nesse instante. Ofereço-te o mais precioso
- a flauta de Lykas, a faixa de Mnasídica,
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 Louÿs, Pierre. O Sexo de Ler de Bilitis (Les Chansons de Bilitis). Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2010, p 339 (Prefácio e tradução de Maria Gabriela Llansol).
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