Soneto
cativo está quem me tem cativo
por temor em vingança disfarçado
e vendo-se nobre herói alto crivo
por seu vai tomando meu doce fado
preso a prisioneiro em grão motivo
qu' atormenta seu dono macerado
aos dois prende mal tão furtivo
onde o tirano se sente confiado
soube o astuto construir pontes
ou barca que na vida sempre dura
superavam-se deserto e montes
par' um canto d' ave indócil e pura
louvando o dia o sol e as fontes
superando os efeitos da captura
Mateus, Victor Oliveira. Aquilo que não tem nome. S/c.: Coisas de Ler Edições, 2018, p 35.
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Nota - este soneto, que usa no último verso um título de um livro do Luís Filipe Sarmento, é simultaneamente uma tentativa de paráfrase da lírica camoniana e um hino lamentoso aos sábados.
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