quarta-feira, 30 de outubro de 2019


Aqui nesta tebaida, ouço a paz.
Aceito a tua luz, o teu negrume,
Meus olhos são pastagens p'ra teu estrume,
Aceito o que me deres e o que não dás.
Eu ouço a metafísica das sarças.
As bruxas megalíticas das argas,
Reviro pedras, lágrimas amargas,
Procuro-te nos paus, nas rãs, nas esparsas.
Aceito que te busque e não me fales.
Onde estarás: na urze, na perpétua,
No verso mais perfeito, em rima incerta?
Aceito ouvir-te e tudo tu me cales.
À uma és e não; o tudo e o quase.
Em toda a parte estás, eclipse e fase.
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  Jonas, Daniel. Oblívio. Porto: Assírio & Alvim, 2017, p 41.
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