sexta-feira, 16 de outubro de 2020


 

   Soneto X do Ciclo Do Amor


Diz-me quando, amor, contamos à

vida como felizes somos. Gosto

de ver gente na dúvida se  o rosto

que mostramos é mesmo assim, já


que não se acredita haver quem

possa ser como nós. E porque não,

se a arte está em darmos a mão

logo cedo, à vista de ninguém,


ao deitar, beijo bem-disposto? Diz,

pois, se posso contar às aves como

do silêncio retiro mais um gomo

de prazer, que nos faz casal feliz.


E ao mundo gritar: "Não há mulher

como tu. Nada sou sem em ti ser."


   Rodrigues, Ernesto. Perseu. Fafe: Editora Labirinto, 2020, p 38.

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