domingo, 7 de novembro de 2021


E é afinal um modo como qualquer outro de resolver o problema da existência, esse de aproximar suficientemente as coisas e pessoas que de longe nos pareceram belas e misteriosas, para descobrirmos que não têm mistério nem beleza; é uma das higienes que se podem escolher, higiene talvez não muito recomendável, mas que nos dá uma certa calma para passarmos a vida e também nos resignarmos à morte, uma vez que nos faz não lamentar coisa alguma, persuadindo-nos de que alcançámos o melhor, e de que o melhor não é grande coisa.
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 Marcel Proust in Em Busca do Tempo Perdido Vol. 2, à sombra das raparigas em flor. Lisboa: Livros do Brasil, S/d, p 511 (Tradução de Mário Quintana).
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