quinta-feira, 3 de janeiro de 2019


           Fio de olhar

E aquele olhar seguiu-me.
Era curto o caminho, um corredor, uma porta.
Olhar curioso.
Vale uma parábola?
Uma mulher andando, um homem olhando.
Mais nada?
Mais nada.

E lá ficou o corredor e a porta.
E a mulher...
Sou eu.
Não valia mais que um olhar, embora curioso e
gracioso.
O homem...
Lá está, estará, interrogativo a olhar uma e outra
que passam.

Aquele olhar, aquele olhar!
Queria-o... como uma coisa que se agarra e que
se possui.
Mas para quê e como?
Fio de olhar, pura curiosidade.
Não é disparate lembrá-lo e tê-lo até notado?
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  Lisboa, Irene. Obra de Irene Lisboa Volume I, Poesia I: um dia e outro dia.../ outono havias de vir. Lisboa: Editorial Presença, 1991, p 304 (Organização: Profª Paula Morão).
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