segunda-feira, 4 de março de 2019

( Estas cantigas de vilancete aparecem nesta obra precedidas de um elogio a A.B. feito por Fernando Pessoa e são dedicadas a Aquilino Ribeiro. O vilancete é composto por um mote e por voltas ou glosas, contudo, apesar do título da secção a cantiga e o vilancete distinguem-se pelo número de versos da primeira estrofe, o mote, se tiver dois ou três versos é um vilancete, se tiver quatro ou mais é uma cantiga. O vilancete aparece em Portugal no Cancioneiro de Garcia de Resende e os seus temas são geralmente a saudade e o amor não correspondido e os versos são ainda em medida velha, cinco ou sete sílabas).

Eu ausente e tu ausente,
Eu de ti e tu de mim -
Saudade, quando me deixas?
Ausência, quando tens fim?

            VOLTA

Meus olhos andam molhados
Desde aquele negro dia...
Bronzes, dobrai a finados,
Que eu já não tenho alegria.
Ó causa das minhas queixas,
Porque me matas assim?
Saudade, quando me deixas?
Ausência, quando tens fim?
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 Botto, António. Poesia. Porto: Assírio & Alvim, 2018, p 306.
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