quarta-feira, 27 de março de 2019



Fundava comunidades em sonhos, na carne firme, nos tendões
limpos dos sonhos.
Uma amizade como de Aquiles e Pátroclo
mas sem cavalos,
sem tectos altos, sem
aspectos de glória - amizade apenas
nua, inebriando o mármore,
exercício de aranhas entre a multidão

com a sua linguagem surda,
aberta, alvar, amarfanhada.
O prazer de devassá-la, de retê-la

na boca como água de pétalas,
o gosto espesso da magnólia
à chuva, como no poema.

Em nossa casa, no lugar do vento,
a magnólia crescia.
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  Faria, Andreia C. Alegria para o fim do mundo. Porto: Porto Editora, 2019, p 133.
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