sábado, 24 de outubro de 2020


 

                Suicidar-se a Oriente

 

                             para quem vive um sonho de arquipélagos

 

 

E repetimos erros como pedras

as pegadas do vento as águas agitadas

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não importa mais o ruído das cordas

não importa a dor que transportamos

virá o dia em que seremos recordados,

mas hoje a engrenagem arrasta-nos

e sabe-se que não podemos voltar atrás

liberta-me e grava-me, agora, com as tuas mãos

colherás os restos, a poesia que se esfiapa

começa a soçobrar, a começar a soçobrar, ama

a condensação da espécie, o indivíduo que se dissipa

 

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assim viemos sós, arrastados,

engrenagem que roda desmedidamente

erros como pedras não apagam

os teus passos e repetimos, repetimos.

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 Ottonello, Francesco. Isola Aperta. Latiano: Interno Poesia, 2020, p 72 (Tradução de Victor Oliveira Mateus).

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